quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poder místico do pensamento



Força magística do poder ígneo, portal interminável sob a existência.
A pemba que risca a mandala, não é o bastante.
A chama é potência cabal.
Nada de impulsos, ódio ou má intenção
A nada escapa a lei da Ação e Reação.

Evocam-se deuses e divindades em vão.
Mundo apocalíptico, desconheço.
Compreendo que é tempo de transformação.

O fim se funde ao princípio
Ao se perceber que muito do que se fez foi inútil.
Milhões de sacrifícios.
O obscuro faz parte do infinito,
Do mesmo modo que do necessário.

Morrer e acabar, fácil acreditar.
O Que nada impede a eternidade de vigorar.
Ciclos consolidados e o sólido sendo evaporado.
Penetrando-se nos pontos invisíveis que o físico jamais enxergará.

Enquanto o pensamento involuntário permanecer,
Para a essência jamais vai despertar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Ingratidão: a afirmação do falso samaritano







Uma das maiores perversidades que assolam a sociedade se chama ingratidão. É imperdoável, vergonhosa, dolorosa e tão próxima a tudo e a todos que é impossível se ver ileso a seus efeitos. O filósofo chinês Confúcio dizia: “A maior ofensa que podemos fazer a um amigo é prestar-lhe um favor e o maior dos revides é a ingratidão”.  É algo que só entende-se a profundidade quando se depara com tal circunstância.
Não reconhecer os benefícios recebidos. Talvez cada um seja parcialmente ou totalmente ingrato a todo o momento. Não necessariamente com um amigo que lhe estendeu a mão. Há aquele que após a vitória, atribui a si mesmo todo o mérito, esquecendo que pessoas ao seu redor o ajudaram de diferentes maneiras. Vez ou outra, se pede ajuda, bebe-se da fonte e quando já fortalecido, segue-se adiante, sem ao menos olhar para trás e dizer “muito obrigado”.
Quando digo que somos ingratos a todo o momento, basta respirar para que tal pensamento se confirme. A cada centímetro colonizado é uma agressão diferente. Desrespeitamos as regras da existência ao eleger o conforto do ser humano como prioridade, vindo a poluir a água, o ar e o solo. Recebemos o suficiente para vivermos bem e na ganância e insaciável vontade de ter mais, somos ingratos com o meio ambiente e a Natureza.
E não fica só por aí, a ingratidão se manifesta de várias formas, em todas as fases que o homem passou na História da humanidade. Ajudo quando me é solicitado ou não, doo meu tempo, emprego expectativas, invisto, ensino o que sei de melhor; Desgasto-me até que a pessoa entenda; Depois, quando esperava que o mesmo fosse feito por mim, o que fica é vento e uma dor no peito.
É nestes momentos que me questiono: ajudei por amor ou esperava algo em troca? Responder que foi por amor não faz muito sentido, pois, como explicar a mágoa, a revolta e a decepção?
Quem sabe não se trata de outra coisa: sentir-se superior em resolver os problemas dos outros?! Coloca-se a máscara da compaixão ou pena e encena-se uma bondade que na verdade serve de pano de fundo para comprar o amor dos outros.
Quando um “ingrato” entra em ação, tudo se torna cinza. Tudo é digno de lamentação. Somos os injustiçados, os coitados, os ofendidos, a parcela da sociedade que nasceu para sofrer.
Não que tenhamos que ser indiferentes uns aos outros, contudo, é preciso estimular a franqueza, parar de se enganar. Lindo receber um muito obrigado, mas mais bonito será deixarmos o fingimento de lado e começarmos a agir sem amarras da falsidade, do medo da rejeição, pessoa de valores sem segundas intenções.
Não seja um falso samaritano.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Estatísticas do amor





Eram sete horas da manhã quando fui acordada aos beijos. Um pouco contrariada por ter o sono interrompido, mexi o corpo em sinal de que estava gostoso, mas não era o momento apropriado. Ele não parava de me acariciar e era sinal de que eu realmente tinha que acordar. Por um momento o pessimismo tomou conta: difícil dormir a noite e quando tenho a oportunidade, sou obrigada a acordar cedo demais.
As estatísticas são claras, as mulheres ainda se emprenham na busca pelo homem perfeito. Um dos pontos que elas ambicionam é encontrar um ser carinhoso, atencioso e gentil. Faço parte das estatísticas, mas não quando com sono. Na pior das hipóteses, o melhor é manter o pensamento positivo, portanto, me deixo levar pela conversa. Elogios, agrados, mimos. Com tanto romantismo não dava mais pra fingir que estava despertada. A cena ocorre sobre uma cama e mesmo que a circunstância tenha tendenciado, por diversas vezes, a prática do prazer, nada ocorreu.
Sem recordar como dormi, só lembro que era acordada novamente, mas desta vez, diante de um reforçado café da manhã, acompanhado de mais elogios e galanteios. Estava eu sonhando? Sempre imaginei cenas como estas e seria mais um dos meus delírios? Não, era real.
Eu me rendo e aceito ser envolvida pelo ritmo do amor. Sinto-me a mulher mais feliz e privilegiada do mundo. Pra mim, quando tudo já estava perfeito, sem rodeios, a pergunta é feita: casa comigo? E, sem desperdiçar a oportunidade, até mesmo pra honrar as estatísticas: sim, claro que sim.