Por Tamires Santana
Apoiada na janela, olhando
para os poucos morros verdes que resistem ao lado de casas improvisadas, Frida não
é Frida. Calada, apenas me escuta. Na ocasião, pipas se entrelaçavam no ar umas
com as outras, gritos de crianças não tiravam a tranquilidade dos pássaros repousados
nos fios de eletricidade e as poucas nuvens acinzentadas que se destacava no céu
azul claro, quando menos se esperava, escondia o sol ardente.
Frida, submersa no que
ouvia, começou a chorar.
Ao observá-la, é fácil
identificar o seu espírito jovem, como é destemida, autêntica dos pés a cabeça
e fora poupada pela vulgaridade dos dias de hoje. Confunde-se com uma sábia ao analisar
e conhecer o estranho como nem ele mesmo, porém esqueceu-se de se conhecer.
Transparente, nem todos a aceitam, contudo, ninguém é capaz de ofuscar o seu
brilho. Apenas ela.
E assim o fez. Cegou a sua
sorte, se entregou ao medo e ao novo quando consumida pela expectativa e planos
que dependiam de sentimentos e mais de uma pessoa.
Neste mundo é muito fácil
se perder, basta embalar-se com a vida, confundir um pouco as emoções e eis que
se encontrará rapidamente confuso, envolto num desespero aparentemente eterno e
emaranhado num forte desejo de desaparecer.
Mas ninguém neste mundo
fica desamparado, absolutamente nada nem ninguém. Muitas vezes é preciso se
perder em atalhos para encontrar o que no caminho traçado não se descobriria. O
que acontece é que Frida pegou o atalho antes mesmo de saber qual deveria ser o
destino final.
Como se começa a caminhar
sem antes saber pra onde se deve ir? Pelo o que vejo, repetidamente este erro acontece
no mundo de Frida.
Frida teve que voltar,
pois o que apenas se sabia era sobre o início. E foi ao voltar descobriu sobre
o seu destino. Nunca é tarde, todo processo é necessário.
Neste momento, lágrimas
desabam.
Não há nada mais lindo
quando um ser depara-se com sua condição elevada, se liberta, perdoa a si e a todos
que guarda mágoas e abre-se para as possibilidades, seguindo adiante.
Fico feliz, muitos não distinguem
a chance para o crescimento. A partir de agora ela está pronta.
Frida, ame.
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