Uma das maiores perversidades que assolam a
sociedade se chama ingratidão. É imperdoável, vergonhosa, dolorosa e tão
próxima a tudo e a todos que é impossível se ver ileso a seus efeitos. O filósofo
chinês Confúcio dizia: “A maior ofensa que podemos fazer a um amigo é
prestar-lhe um favor e o maior dos revides é a ingratidão”. É algo que só entende-se a profundidade
quando se depara com tal circunstância.
Não reconhecer os benefícios recebidos. Talvez cada um seja parcialmente ou totalmente ingrato a
todo o momento. Não necessariamente com um amigo que lhe estendeu a mão. Há
aquele que após a vitória, atribui a si mesmo todo o mérito, esquecendo que
pessoas ao seu redor o ajudaram de diferentes maneiras. Vez ou outra, se pede ajuda,
bebe-se da fonte e quando já fortalecido, segue-se adiante, sem ao menos olhar
para trás e dizer “muito obrigado”.
Quando digo que somos ingratos a todo o momento,
basta respirar para que tal pensamento se confirme. A cada centímetro
colonizado é uma agressão diferente. Desrespeitamos as regras da existência ao
eleger o conforto do ser humano como prioridade, vindo a poluir a água, o ar e o solo. Recebemos o suficiente para vivermos
bem e na ganância e insaciável vontade de ter mais, somos ingratos com o
meio ambiente e a Natureza.
E não fica só por aí, a ingratidão se manifesta de
várias formas, em todas as fases que o homem passou na História da humanidade. Ajudo quando me é solicitado ou não, doo meu tempo,
emprego expectativas, invisto, ensino o que sei de melhor; Desgasto-me até que
a pessoa entenda; Depois, quando esperava que o mesmo fosse feito por mim, o
que fica é vento e uma dor no peito.
É nestes momentos que me questiono: ajudei por
amor ou esperava algo em troca? Responder que foi por amor não faz muito
sentido, pois, como explicar a mágoa, a revolta e a decepção?
Quem sabe não se trata de outra coisa: sentir-se superior em resolver
os problemas dos outros?! Coloca-se a máscara da compaixão ou pena e encena-se
uma bondade que na verdade serve de pano de fundo para comprar o amor dos
outros.
Quando um “ingrato” entra em ação, tudo se torna
cinza. Tudo é digno de lamentação. Somos os injustiçados, os coitados, os
ofendidos, a parcela da sociedade que nasceu para sofrer.
Não que tenhamos que ser indiferentes uns aos
outros, contudo, é preciso estimular a franqueza, parar de se enganar. Lindo
receber um muito obrigado, mas mais bonito será deixarmos o fingimento de lado
e começarmos a agir sem amarras da falsidade, do medo da rejeição, pessoa de
valores sem segundas intenções.
Não seja um falso samaritano.
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