domingo, 25 de março de 2012

A única certeza é: vomitar sempre gera uma sensação horrorosa

Por Tamires Santana

Se você, caro leitor, é o tipo de pessoa que sente nojinho fácil, não leia este texto. Ele não é nada sutil, nada educado, não segue os padrões europeu e muito menos se preocupa com o que você ou qualquer outro leitor irá sentir. É a Literatura Mal criada e de poucos modos. Palavras e descrições que só se preocupam com as regras gramaticais.
Era apenas um copo de cappuccino, produzido por uma destas máquinas de café fixadas nos andares de empresas multinacionais. O cheiro não é autêntico, contudo, até então, nada de mal: saboroso e artificial como a indústria instantânea determina.
A necessidade de ficar muito bem acordado durante toda a madrugada, e ainda por cima produzir lucros, fez com que apelasse para a máquina. E não foi uma boa ideia. Na verdade, foi uma péssima ideia. Após o apito acusando a liberação do produto, o cappuccino quente percorre o desfiladeiro, aquecendo todo o corpo. A partir do momento que golpeou o estômago os problemas começaram e como uma pichação feita no seu muro recém-pintado: incomodou.
A madrugada se arrasta em meio a um silêncio fúnebre. Os pensamentos acirram a batalha a favor dos últimos acontecimentos. O coração, que tem tudo para apenas bater, insiste em apertar o peito de mágoas e preenchê-lo de falsas esperanças. Já a mente tenta enganar todo o restante da matéria com seus argumentos, mas a verdade é que nem ela mesma consegue convencer.
Não tem jeito, o melhor a se fazer é ir a um local apropriado para possíveis penúrias. Diante o espelho o desânimo encarnado. Pouca intensidade tomou conta de uma pele corada, existindo e resistindo junto a olheiras e manchas. Sinais de que as coisas não andam nada bem. Em muitas ocasiões, para se livrar de um mal e para que o bem possa prevalecer, é preciso recorrer à força. Não tanto a brutalidade ou a covardia e sim a relances de deméritos. Episódios que não devem ser divulgados ou ações que não se podem fazer publicamente. Quantos segredos se valem por tal necessidade.
Agora não é apenas a pele que tem um aspecto amarelado. Lá se foi a cor morena da bebida. O ar se reduz mediante tamanha pressão, a cabeça pesa como um crime na consciência de um incorruptível, os olhos se rendem a estética do Curupira, o estômago recorda tamanha preocupação dos antigos em não virar o bucho de uma criança, sábio antigos. Que anseio em tirar ao menos a queimação.
Vontade de gritar sem ter forças, de correr sem poder sair do lugar. O que será o causador de tanto desconforto? A mistura química da bebida artificial, a falta de dormir durante a semana, ansiedade, quem sabe muitas preocupações. Não descarto a possibilidade de uma virose, baixa resistência imunológica, cansaço físico ou quem sabe um neném crescendo na barriga. Não sei!

A única certeza é: vomitar sempre gera uma sensação horrorosa.

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